Paisagem transversal é o título do último quadro de Rui Melo.
À primeira vista, parece ser mais uma pintura leal à sua caligrafia, mas analisando mais ao pormenor, ela rompe com dois conceitos básicos da historiografia da arte:
1 - paisagem, ortodoxamente horizontal é quebrada pela inversão dessa horizontalidade para uma verticalidade própria do retrato. Mas como próprio título indica "transversal" ela justifica essa opção de verticalidade pelo corte que é feito para a visibilidade de um mundo à priori invisível.
2 - paisagem da mesma origem etimológica de rosto, (paisage/visage) mostra sempre um mundo visível existente no mundo real. Rui Melo mostra além do mundo real, um submundo à partida invisível, não fosse o corte transversal. Mostra duas realidades que, embora diferentes estão conectadas entre si e são indissociáveis na compreensão sobretudo do mundo à partida visível, como que à procura do âmago do ser.
Diria, mais do que uma paisagem transversal este é um retrato com todas as suas características físicas e psicológicas tão próprias de um rosto.
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"Paisagem Transversal n.º1" | 125x100 cm | acrílico e tinta da china sobre viroc | 2014
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AS CORES DA TERRA", Documentário de Paulo Henrique Silva / Azores Natural Parks